Acesse na íntegra o relatório da pesquisa Percepções da população brasileira sobre feminicídio, realizada pelo Instituto Patrícia Galvão e Locomotiva (novembro/2021), com apoio do Fundo Canadá.
93% dos entrevistados concordam que a ameaça de morte é uma forma de violência psicológica tão ou mais grave que a violência física. 97% concordam que mulheres que permanecem em relações violentas estão correndo risco de serem mortas e para 87%, terminar a relação é a melhor forma de acabar com o ciclo da violência doméstica e evitar o feminicídio.
Ao mesmo tempo, o momento percebido como de maior risco de assassinato da mulher que sofre violência doméstica pelo parceiro é justamente o do rompimento da relação para 49%, embora para 28% seja a qualquer momento.
Menos da metade sabe o significado do termo “feminicídio íntimo”, mas após serem apresentados ao significado, 98% dos entrevistados reconhecem a gravidade do assunto e para 96% a frequência dos casos de feminicídio íntimo tem aumentado nos últimos 5 anos Entre as mulheres, 93% consideram que esse crime tem aumentado muito nos últimos 5 anos, enquanto entre os homens são 77%. Para 86%, os feminicídios estão se tornando mais cruéis e violentos do que os cometidos no passado.
68% dizem saber ao menos um pouco sobre a lei do feminicídio e apenas 7% nunca ouviram falar sobre ela.
Embora as mulheres heterossexuais, as moradoras da cidade e das periferias e as mulheres pobres e negras sejam percebidas como mais vulneráveis, a maioria considera que todos os grupos de mulheres correm o mesmo risco de feminicídio.
16% das mulheres declaram já terem sofrido tentativa de assassinato por ao menos um parceiro; entre as mulheres negras são 18%. Chama atenção que, entre as mulheres que já sofreram ameaça de morte pelo atual ou ex-parceiro, mais da metade (53%) disseram também terem sido vítimas de tentativa de feminicídio.
Responsabilização dos homens x culpabilização da mulher
Saídas para as mulheres sob ameaça
As principais portas de saída são a polícia e os serviços de apoio às vítimas, mas há uma série de desafios a serem enfrentados, como a percepção de baixa eficiência do aparato policial para esse tipo de caso, o desconhecimento de equipamentos de apoio e a sensação de impunidade dos agressores.
População demanda aumento da rede de apoio e melhoria dos serviços existentes
Sobre o estudo
A pesquisa Percepções da população brasileira sobre feminicídio foi realizada pelo Instituto Patrícia Galvão e Instituto Locomotiva, com apoio do Fundo Canadá. Participaram do estudo online 1.503 pessoas (1.001 mulheres e 502 homens), com 18 anos de idade ou mais, entre 22 de setembro e 6 de outubro de 2021. A margem de erro é de 2,5 pontos percentuais.
“A pesquisa mostra que a violência doméstica e o risco de feminicídio assombram o cotidiano das brasileiras: 30% das mulheres já foram ameaçadas de morte por um parceiro ou ex, sendo que 7% disseram já terem sido ameaçadas por mais de um parceiro. Chama atenção que, entre as mulheres que já sofreram ameaça de morte pelo atual ou ex-parceiro, mais da metade (57%) terminaram o relacionamento, mas 12% disseram que não tomaram nenhuma atitude. E das mulheres que foram ameaçadas, 53% disseram também terem sido vítimas de tentativa de feminicídio, o que reforça a importância de que as ameaças sejam levadas a sério, tanto pela mulher como pelas autoridades quando ela faz uma denúncia”, alerta Jacira Melo, diretora executiva do Instituto Patrícia Galvão.
Na avaliação de Jennifer May, embaixadora do Canadá no Brasil, “os resultados da pesquisa, organizada pelo Instituto Patrícia Galvão em parceria com o Fundo Canadá, nos trazem análises fundamentais sobre a percepção social e os efeitos do feminicídio em nossas comunidades e, mais ainda, uma oportunidade para discutirmos as formas de combater essa violência tão atroz, que afeta mulheres e meninas em todo o mundo”.
Acesse na íntegra o relatório da pesquisa Percepções da população brasileira sobre feminicídio, realizada pelo Instituto Patrícia Galvão e Locomotiva (novembro/2021), com apoio do Fundo Canadá.